quarta-feira, 26 de abril de 2017

Aceleração de degelo do Ártico pode custar trilhões de dólares, diz estudo


A aceleração do degelo do Ártico está derretendo o subsolo congelado sob edifícios e estradas da Sibéria ao Alasca, elevando os níveis dos mares globais e alterando os padrões de temperatura mais ao sul, revelou um estudo internacional nesta terça-feira (25). O fato de a região gelada estar se tornando mais quente e úmida, o que resulta no derretimento do gelo ao seu redor, pode custar trilhões de dólares à economia mundial neste século, estimou o relatório. O estudo de 90 cientistas, incluindo especialistas dos Estados Unidos, exortou governos com interesse no Ártico a cortar as emissões de gases de efeito estufa. "O Ártico está esquentando mais rápido do que qualquer outra região da Terra, e se tornando um meio ambiente mais quente, úmido e variável rapidamente", de acordo com o relatório, que atualiza descobertas científicas de 2011. "As emissões crescentes de gases de efeito estufa (resultantes) de atividades humanas são a principal causa subjacente", escreveram no estudo encomendado pelo Conselho do Ártico, composto por EUA, Rússia, Canadá, Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia e Islândia. O degelo do Ártico pode ter custos líquidos cumulativos entre 7 trilhões e 90 trilhões dólares entre 2010 e 2100, e os danos irão exceder os benefícios, como um acesso mais fácil à exploração de petróleo e gás e ao comércio marítimo, diz o documento. O período 2011-2015 foi o mais quente desde que os registros começaram a ser feitos em 1900. O gelo marítimo no Oceano Ártico, que encolheu a seu menor índice em 2012, pode desaparecer durante os verões até a década de 2030, mais cedo do que muitas projeções anteriores indicavam, segundo o estudo. "O Ártico está continuando a derreter, e está indo mais rápido do que se esperava em 2011", disse Lars-Otto Reiersen, diretor do Programa de Monitoramento e Avaliação do Ártico (Amap, na sigla em inglês), que preparou o relatório, à Reuters. Entre os sinais de perigo, o derretimento do subsolo permanentemente congelado provocou mais deslizamentos de terra no campo de gás russo de Bovanenkovo, na Sibéria. Um calor raro e enchentes de primavera interditaram a rodovia que leva aos campos de petróleo de North Slope, no Alasca, durante três semanas em 2015. A elevação das temperaturas está ameaçando a subsistência de caçadores indígenas e afinando o gelo marítimo, vital para espécies selvagens como ursos polares e focas.

Ministério do Meio Ambiente do Brasil adia proibição da captura e venda de guaiamum para 2018


O Ministério do Meio Ambiente adiou para 2018 a proibição da captura e comercialização de uma série de animais marinhos em risco de extinção no Brasil. A lista de animais ameaçados inclui os guaiamuns (espécie de nome científico Cardisoma Guanhumi), prato típico do litoral nordestino, que está classificado em situação crítica. A portaria que torna o manuseio desses animais crime de caça a animal silvestre foi publicada no Diário Oficial da União e vem sendo adiada desde 2014. Segundo a portaria, a captura dos guaiamuns, assim como os outros animais, vai ser permitida até o dia 30 de abril de 2018. O comércio, no entanto, é legal até 30 de junho, contanto que os estabelecimentos tenham estoques declarados ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), até 5 de maio do mesmo ano. Quem desobedecer a medida vai se enquadrar no crime de caça a animal silvestre, com multa no valor de R$ 5 mil por pessoa e se a venda ficar comprovada o valor passa para R$ 10 mil. Entre os animais que terão a captura e comércio proibidos em 2018 estão, por exemplo, seis espécies dos peixes conhecidos como 'acaris'. No Nordeste, os guaiamuns fazem muito sucesso na culinária, mas estão ameaçados de extinção. Com a destruição dos manguezais e a captura sem controle, eles quase desapareceram da natureza. Para complicar, a reprodução é muito lenta. Só acontece a partir dos quatro anos de vida e nunca em cativeiro. Quando a medida passar a vigorar, apenas o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) tem a permissão para captura, transportar e armazenar os guaiamuns para fins de pesquisa e conservação do crustáceo. Os guaiamuns são parentes dos caranguejos e chamam a atenção pela cor azulada. Em 2014 já havia sido proibido o comércio por meio da portaria 445/2014, mas o limite da data para a venda tinha sido prorrogada. Segundo o Ibama, conforme outra portaria, a 395 de 2016, o estoque declarado até o dia 6 de março de 2017 podia ser comercializado até o dia 30 de abril. Agora, os prazos seguem, respectivamente, até 30 de abril e 30 de junho de 2018. A primeira lista divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente dividia os animais em categorias, de acordo com o risco de extinção. O novo prazo para a proibição vale apenas para as espécies ameaçadas classificadas na categoria Criticamente em Perigo (CR) e Em Perigo (EN) de interesse econômico. As medidas para outros animais, classificados como Vulnerável (VU), por exemplo, compreende fiscalização e uso sustentável, desde que regulamentado e autorizado pelos órgãos federais competentes. Nessa categoria está classificado o sirigado, peixe também bastante presente na culinária nordestina. 

Confira abaixo a lista de animais marinhos que terão a captura e comercialização proibidas em 2018: Cardisoma guanhumi (guaiamum). Lutjanus purpureus (pargo). Sciades parkeri (gurijuba). Genidens barbus (bagre-branco). Scarus zelindae (peixe-papagaio-banana). Sparisoma axillare (peixe-papagaio-cinza). Sparisoma frondosum (peixe-papagaio-cinza). Scarus trispinosus (budião-azul). Leporacanthicus joselimai (acari, cascudo, onça). Parancistrus nudiventris (acari, cascudo, bola azul). Scobinancistrus aureatus (acari-da-pedra). Scobinancistrus pariolispos (acari-da-pedra). Peckoltia compta (acari, cascudo, picota ouro). Peckoltia snethlageae (acari, cascudo, aba branca). Teleocichla prionogenys (joaninha-da-pedra).

sábado, 22 de abril de 2017

Espécie de anfíbio ameaçada em SC é registrada pela 1ª vez em reserva


A perereca-de-vidro, espécie ameaçada em Santa Catarina, foi registrada pela primeira vez na Reserva Particular do Patrimônio Natural Estadual do Complexo Serra da Farofa, localizada na Serra, afirmou a empresa Klabin, que administra o local. O anfíbio mede entre 19 mm e 25 mm e é típico da Mata Atlântica. O animal, Vitreorana uranoscopa, alimenta-se principalmente de insetos e se reproduz em riachos com boa qualidade ambiental, explicou o professor do Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Selvino Neckel de Oliveira. "A espécie não está em extinção porque sua distribuição geográfica vai desde o estado de Minas Gerais até a Argentina. Porém, as populações que ocorrem em Santa Catarina estão ameaçadas devido principalmente ao desmatamento e à poluição dos riachos", afirmou. Para que a população do anfíbio não diminua, o professor defende a preservação do habitat do animal. "Essa medida só será efetiva com estudos que envolvam principalmente o sucesso reprodutivo e tamanho populacional. O registro de um individuo em uma área não significa que o local tem qualidade ambiental. Da mesma forma, essa espécie, como outras, precisam de estudos mais detalhados e com maior rigor cientifico". De acordo com a empresa que administra a reserva, o som emitido pelo anfíbio se assemelha a uma colher que bate em um copo de cristal. Seguindo essa vocalização do animal foi possível encontrá-lo. O local da reserva abrange os municípios de Painel, Urupema, Rio Rufino, Urubici e Bocaina do Sul, segundo a Associação dos Proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural de Santa Catarina.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Peixe Robalo Flecha - 02






Alguns belos exemplares de Robalo Flecha, e seus pescadores. (Fonte: Google)

Rã indiana expele muco que pode combater vírus da gripe, segundo estudo


Uma rã no sul da Índia expele um muco da sua pele que pode um dia ajudar as pessoas a combater certos tipos de vírus da gripe, disseram pesquisadores na terça-feira (18). O nome científico dessa rã, colorida e do tamanho de uma bola de tênis, é Hydrophylax bahuvistara, segundo o artigo publicado na revista científica "Immunity". "Rãs diferentes produzem peptídeos (cadeias de aminoácidos) diferentes, dependendo de onde é seu hábitat", disse o especialista em gripe e coautor do estudo Joshy Jacob, da Universidade Emory, ressaltando que os humanos também produzem proteínas que agem como defensoras do organismo. "É um mediador imune natural inato presente em todos os organismos vivos. Acabamos de encontrar um produzido pelo sapo que por acaso é eficaz contra o tipo de gripe H1", acrescentou. Os pesquisadores deram pequenos choques elétricos nas rãs para estimular a secreção dos seus peptídeos de defesa, que parecem combater a cepa H1 do vírus da gripe, e coletaram a substância. O peptídeo antiviral foi batizado de "urumin", em referência a uma espada parecida com um chicote usada no sul da Índia há séculos, disse o estudo. O urumin não é tóxico para mamíferos, mas "parece perturbar a integridade do vírus da gripe, como visto através de microscopia eletrônica", apontou. Quando os pesquisadores espremeram um pouco de urumin nos narizes de ratos de laboratório, o peptídeo os protegeu contra o que teria sido uma dose letal do vírus da gripe H1, o tipo responsável pela pandemia de gripe suína de 2009. Mais pesquisas são necessárias para determinar se o urumin pode se tornar um tratamento preventivo contra a gripe em humanos, e para analisar se outros peptídeos derivados de rãs podem proteger contra vírus como o da dengue e o da zika.

Câmera grudada no dorso revela olhar de 'baleia cinegrafista' na Antártida


Você provavelmente nunca viu a Antártida desta forma: pelos olhos de uma baleia. Câmeras foram presas ao dorso de animais das espécies minke e jubarte como parte de um novo estudo da ONG World Wildlife Fund (WWF) em parceria com a Universidade Estadual do Oregon, nos Estados Unidos. Por meio de ventosas, os equipamentos ficaram grudados de 24 a 48 horas e registraram como elas se alimentam, socializam e se comportam em meio às mudanças climáticas. Segundo o Centro Nacional de Dados de Gelo e Neve, instituto de pesquisa ligado à Universidade do Colorado, em março deste ano, foi registrada a menor extensão de área congelada da Antártida ao longo dos 38 anos em que esses dados são coletados. A pesquisa com as baleias ajudará a reunir dados sobre os animais e seu habitat e contribuirá para esforços de preservação, em meio aos impactos dessas alterações ambientais.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Nova espécie de camarão que mata com ‘ataque sônico’ é batizada em homenagem ao Pink Floyd


Uma nova espécie de camarão marinho foi batizada em homenagem à banda Pink Floyd graças a um pacto entre cientistas que o descobriram, que são fãs de rock. O Synalpheus pinkfloydi usa sua grande garra para gerar um barulho tão alto que é capaz de matar peixes pequenos. Os membros da equipe por trás da descoberta estavam em busca de uma oportunidade para celebrar os roqueiros ingleses se identificassem uma nova espécie de camarão rosa - "pink" é a palavra em inglês usada para designar essa cor. A espécie, com uma garra rosa, foi descrita no periódico Zootaxa por cientistas da Universidade Oxford, no Reino Unido, da Universidade Federal de Goiás, no Brasil, e da Universidade Seattle, nos Estados Unidos. Sammy De Grave, chefe de pesquisa do Museu de História Natural de Oxford, disse gostar de Pink Floyd desde a adolescência. "Ouço desde que (o álbum) The Wall foi lançado em 1979, quando eu tinha 14 anos", afirmou. "Fazer a descrição dessa nova espécie de camarão-pistola foi a chance perfeita para finalmente homenagear minha banda favorita." De Grave já batizou outros crustáceos com referências a lendas do rock. O nome de uma outra espécie de camarão, a Elephantis jaggerai, foi inspirada no vocalista da banda Rolling Stones, Mick Jagger. O camarão-pistola, ou camarão-de-estalo, é capaz de gerar energia sônica ao fechar sua garra rapidamente. A nova espécie desse tipo de camarão é encontrada na costa do Pacífico do Panamá. Ele produz um som de 210 decibéis, um dos mais altos de todo o oceano. Isso supera o barulho de um tiro, que varia entre 140 e 190 decibéis de acordo com a arma usada.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Dois terços de Grande Barreira de Corais sofrem danos 'sem precedentes'


Danos ambientais sem precedentes já afetam dois terços da Grande Barreira de Corais, da Austrália, um dos ecossistemas mais ricos do planeta. Essa é a conclusão de um novo levantamento aéreo, que mostrou que o branqueamento dos corais chegou à porção central da barreira. Ano passado, análises mostraram que a parte norte também sofria com o problema. Somados, os eventos afetaram um trecho de 1,5 mil km de recifes. O branqueamento ocorre quando os corais sofrem mudanças ambientais e expulsam as algas que vivem em seus tecidos. Com isso, eles perdem sua principal fonte de nutrientes e ficam mais suscetíveis à morte. O processo pode ocorrer por mudanças na temperatura da água e, por isso, é intensificado pelo aquecimento global. Trata-se de um processo reversível, mas quanto mais impactado é o ambiente, mais difícil se torna a recuperação dos corais. Por isso, o professor Terry Hughes, da Universidade James Cook, cobrou urgência de governos em lidar com as mudanças climáticas para reverter, enquanto possível, o branqueamento da Grande Barreira. "Desde 1998, vimos quatro desses eventos (de branqueamento), e o espaço entre eles variava bastante. Mas esse é o espaço mais curto já registrado", Hughes disse à BBC. "Quanto antes agirmos contra a emissão de gases do efeito estufa e contra os combustíveis fósseis em favor das energias renováveis, melhor", acrescentou. Quase 800 recifes de corais numa área de 8 mil km foram analisados pelo Conselho de Pesquisa Australiana, do Centro de Excelência para Estudos de Recifes de Corais. Os resultados mostraram que apenas a parte sul está relativamente intocada. O pesquisador James Kerry acrescenta que os últimos danos registrados são "sem precedentes". "O dano na parte central este ano foi tão severo em termos de branqueamento quanto o visto na parte norte no ano passado", disse Kerry à BBC. "Para os recifes que foram afetados dois anos seguidos, é um golpe duplo. Eles ainda não tiveram chances de se recuperar dos eventos do ano passado". Os últimos registros de danos ocorreram independentemente do fenômeno El Niño, o aquecimento anormal das águas na superfície no Oceano Pacífico Tropical que influencia padrões de vento no mundo todo, que costuma intensificar o branqueamento de corais. A Grande Barreira abrange milhares de recifes de corais na costa nordeste da Austrália. Ela recebeu o título de Patrimônio da Humanidade pela ONU em 1981, por sua tamanha biodiversidade, que conta com 400 tipos de corais, 1,5 mil espécies de peixes e 4 mil de moluscos. Segundo a ONU, é o local com "maior biodiversidade" entre os Patrimônios da Humanidade e, por isso, de uma "importância científica enorme e intrínseca".

terça-feira, 4 de abril de 2017

O peixinho que droga predadores com 'mordida de heroína'


Cientistas britânicos e australianos resolveram um mistério do mundo marinho: os efeitos da mordida indolor de um peixinho venenoso ornamental. Eles constataram que o fang blenny, natural de corais do Oceano Índico, se defende de predadores ministrando opioides - um composto similar à morfina e à heroína, que causa uma queda súbita na pressão sanguínea e, aparentemente, distrai o predador por tempo suficiente para que a presa escape. A pesquisa, que reuniu especialistas da Liverpool School of Tropical Medicine, no Reino Unido, e da Universidade de Queensland, na Austrália, foi publicada na revista especializada Cuttent Biology e é um exemplo dos segredos escondidos em nossos oceanos. Bryan Fry da Universidade de Queensland, explica que peixes com algum tipo de mordida venenosa normalmente produzem dores imediatas. "Uma das maiores dores que sofri na minha vida foi quando fui picado por uma arraia. Foi algo infernal", contou ele. Por isso, o fang benny aguçou a curiosidade dos cientistas: eles queriam entender por que sua mordida era indolor. "Mordidas ou picadas dolorosas são um mecanismo de defesa útil - os predadores aprendem a evitá-las", explica Nicholas Casewell, cientista da Liverpool School of Tropical Medicine. Casewell conta que os estudos sobre o fang blenny feitos nos anos 70 observaram o comportamento de peixes maiores. "Eles colocavam os blennies na boca, mas rapidamente começavam a tremer e a abriam novamente. O fang blenny simplesmente nadava para fora." Ao analisar a composição do veneno dos peixinhos, os cientistas descobriram o opiáceo, composto conhecido como potente analgésico e usado tanto como remédio quanto droga recreativa, como no caso da heroína. Mas esse tipo de composto causa também queda na pressão sanguínea, levando a tonturas e estado de fraqueza. "Isso parece causar nos predadores uma perda de coordenação, permitindo que o blenny fuja", completa Casewell.