segunda-feira, 14 de março de 2016

Pesquisadores da Unesp descobrem rã que canta e acaricia para acasalar


Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro descobriram uma nova espécie de rã com um sofisticado sistema de comunicação que envolve desde vocalizações a carícias entre machos e fêmeas utilizadas não só para fins de acasalamento, mas também para defesa de território. Encontrada na Serra do Japi, em Jundiaí (SP), as características físicas e comportamentais do Hylodes japi, a rãzinha-da-correnteza, foram descritas pela primeira vez em artigo publicado na revista PloS One por pesquisadores do Instituto de Biociências (IB) da Unesp. O pesquisador Fábio Perin de Sá explicou ao G1 que o projeto tem dois principais objetivos. "O primeiro interesse foi compreender qual espécie de Hylodes era a que ocorria na Serra do Japi. O segundo passo foi compreender a história natural da espécie, pois nada era conhecido. Com o estudo, há agora maior compreensão dos comportamentos relacionados à comunicação da espécie, principalmente relativos à reprodução", disse. Durante 15 meses, os pesquisadores estudaram uma população de rãs em um riacho, acompanhando seus hábitos e fazendo registros audiovisuais. "As informações geradas permitem a conservação efetiva da espécie. O estudo também apresenta resultados que contribuem para o entendimento da evolução da comunicação nos anuros de modo geral", explicou Sá. Segundo ele, foram identificadas e classificadas 18 sinalizações visuais realizadas por machos e fêmeas da espécie. Também foram descritos os diferentes cantos dos machos. O estudo dos dados coletados revelou a complexidade da comunicação da espécie. Sá explicou que existe um repertório amplo de sinais visuais e que eles podem ser combinados. O macho atrai a fêmea para seu território por meio de sinalizações visuais e sonoras. Ambos interagem com sinalizações visuais, sonoras e táteis. Os pesquisadores também descobriram que os machos usam seus sacos vocais duplos de modo independente para sinalizar, provavelmente melhorando sua performance durante a comunicação. Além de emitir diferentes tipos de sons, a rãzinha-da-correnteza utiliza um repertório de sinais visuais que nunca haviam sido descritos entre os anfíbios, como posições do pé, impulsos com os braços e movimentos de balançar e serpentear a cabeça. Após conseguir ser notado, o macho faz sinais com os dedos e movimentos de corpo e cabeça que demonstram seu “interesse”. Caso a fêmea não se interesse, ela mergulha na água e desaparece, fazendo com que o macho procure outra pretendente de imediato, voltando a vocalizar até que outra fêmea o aceite. O “sim” vem em forma de toques nas patas e no dorso, próximo à cabeça. "Após essa extensa interação, o casal mergulha no riacho-de-correnteza, habitat ao qual a espécie é associada, e deposita os ovos numa câmara subaquática, construída pelo macho no leito do riacho", explicou Sá.

domingo, 6 de março de 2016

Polvo 'gasparzinho' encontrado perto do Havaí pode ser de nova espécie


Uma embarcação subaquática de pesquisa avistou um polvo "fantasma" que aparentemente pertence a uma espécie previamente desconhecida a uma profundidade de mais de quatro mil metros no fundo do oceano Pacífico perto do Havaí, anunciaram cientistas norte-americanos. A criatura branca, apelidada de "Gasparzinho" por usuários do Twitter, foi capturada por câmeras instaladas na embarcação a uma profundidade de 4.290 metros, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA). "Este animal foi particularmente incomum porque não tinha as células de pigmento, chamadas cromatóforos, típicas da maioria dos cefalópodes, e não parece muito muscular", disse Michael Vecchione, um pesquisador da NOAA. Os cefalópodes pertencem a uma classe biológica que inclui os polvos e lulas. O animal "quase certamente" é de uma espécie nunca antes descrita pelos cientistas, e pode muito bem pertencer a um gênero que ainda não foi identificado, disse Vecchione no site da NOAA. Ele não pôde ser encontrado imediatamente para fazer mais comentários. A NOAA publicou um vídeo na Internet mostrando um animal pálido, de forma arredondada, com tentáculos longos. Sua aparência levou alguns usuários do Twitter a dizerem que se parece com o personagem de desenho animado "Gasparzinho".

sexta-feira, 4 de março de 2016

Cientistas monitoram ovos raros de 'dragões' em caverna na Eslovênia



Em uma caverna visitada por um milhão de turistas todos os anos, um anfíbio pouco estudado colocou ovos que estão causando grande expectativa. Acredita-se que o Proteus anguinus, o proteus, uma salamandra cega encontrado em rios de cavernas nos Bálcãs, viva por mais de cem anos, mas se reproduza apenas um ou duas vezes por década. Uma fêmea em um aquário da caverna Postojna, na Eslovênia, colocou entre 50 e 60 ovos - e três estão mostrando sinais de crescimento. O proteus é uma espécie de ícone na Eslovênia, onde aparecia em moedas antes da chegada do euro. Há centenas de anos, quando enchentes expulsavam as criaturas para fora das cavernas, eram tidas como bebês de dragões. Ninguém sabe quantos filhotes irão sair dos ovos e nem sequer quanto tempo isso vai levar. "No momento, parece que há três bons candidatos", diz à BBC Saso Weldt, um biólogo que trabalha na caverna. Ele e seus colegas tiraram fotos com exposição muito alta na escura caverna para reunir indícios de que os pequenos ovos estão se desenvolvendo. "Ela começou a colocar ovos em 30 de janeiro. Ela ainda está colocando um ou dois ovos por dia, e eles precisam de cerca de 120 dias até o animal nascer." Essa estimativa por alto, explica ele, é baseada no conhecimento adquirido com uma colônia dos anfíbios estabelecida na década de 1950 em um laboratório subterrâneo nos Pirineus franceses para estudar aspectos da vida biológica em cavernas. Mas lá eles vivem um uma água uma pouco mais quente, com temperatura de 11º C. "Na nossa caverna é um pouco mais frio, 9º C, então tudo vai durar mais." É uma oportunidade única de observar o enigmático proteus se reproduzindo na mesma caverna onde morou por milhões de anos. "É muito significativo porque não há muitos dados sobre a reprodução deste grupo de animais", disse Dusan Jelic, pesquisadora do programa Edge da Sociedade Zoológica de Londres que estuda proteus mergulhando em cavernas na Croácia. Se os filhotes saírem do ovo e se desenvolverem com saúde, seria algo "maravilhoso", segundo Jelic. "Na natureza, nunca achamos ovos ou larvas. Eles estão provavelmente escondidos em localidades específicas dentro do sistema das cavernas", afirma. Postojna tem um sistema de cavernas desse tipo, com sua própria população de proteus selvagens. Mas esses ovos, especificamente, foram colocados em um aquário da movimentada área aberta para visitantes da caverna. "Isso é muito legal - é extraordinário", diz Primoz Gnezda, outro biólogo que trabalha na caverna Postojna. "Mas também estamos com medo de que algo dê errado, porque os ovos são muito sensíveis." Como os únicos vertebrados de caverna da Europa, o proteus está muito adaptado a seu reino subterrâneo e protegido: cavernas criadas à medida que a água abre caminho entre rochas solúveis. "Por 200 milhões de anos eles estavam em um ambiente que não mudou", disse Jelic. Como consequência, os animais - e principalmente seus ovos - estão muito vulneráveis a mudanças na qualidade da água e temperatura. Mesmo as mudanças das estações mal são percebidas no subsolo.

Pesquisadores descobrem nova espécie de perereca na Amazônia


Uma nova espécie de perereca foi descoberta por pesquisadores no Amapá e na Guiana Francesa. O animal tem como características membros em tons avermelhados e os olhos com pupilas douradas. O nome da espécie, Hypsiboas diabolicus, faz referência a um personagem do carnaval francês chamado "diable rouge". Um artigo foi publicado em fevereiro na revista internacional Zootaxa, divulgando características do animal. O amapaense Jucivaldo Lima é um dos pesquisadores que trabalharam na identificação do animal. Ele diz que o anfíbio foi encontrado nos municípios de Laranjal do Jari, Mazagão e Oiapoque, no Amapá, além da Guiana Francesa. "Em um dos estudos de campo, o pesquisador francês Antoine Fouquet detectou que tinha uma perereca que ele achava que era algo novo. Ele entrou em contato comigo e começamos a levantar essa hipótese", explicou o pesquisador do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa). O estudo iniciou em 2011 e encerrou com a publicação do artigo, em fevereiro de 2016. Segundo Lima, a partir da divulgação da descoberta da nova espécie, outras pesquisas poderão ser feitas sobre o animal. "A partir dessa divulgação, as pessoas começam a prestar mais atenção nos animais próximo de casa e quem sabe o descobrimos em novos lugares. Estamos contribuindo para aumentar a diversidade da Amazônia, divulgando informações científicas e a partir de agora podem ser feitos novos estudos para conhecer ainda mais essa espécie", disse Lima. O artigo, que descreve características como genética, descrição do girino e vocalização da espécie, teve contribuição de pesquisadores de São Paulo, Bélgica e Califórnia.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Banhistas encontram arraia ameaçada de extinção em praia de Peruíbe, SP


Uma arraia já morta foi encontrada por banhistas em uma praia de Peruíbe, no litoral de São Paulo, na manhã deste sábado (9). Segundo especialistas, a espécie Rhinobatos sp, também conhecida como viola, é comum no litoral e está em extinção. O animal foi visto bem próximo ao mar na praia do bairro Jangada, por volta das 9h30. A professora Leiko Nemoto disse que caminhava com uma amiga na faixa de areia quando avistou o animal. "Ela já estava praticamente morta. Fiquei com medo de encostar, mas é uma pena", contou. O G1 entrou em contato com a Polícia Ambiental para saber se o animal havia sido retirado do local, mas sem sucesso. O aquário de Peruíbe, para onde os animais marinhos encontrados na orla costumam ser encaminhados também não recebeu nenhum chamado de resgate durante o dia. Apesar disso, o biólogo responsável pelo local acredita que a raia possa ter sido levada de volta pela própria maré. "Pelas imagens acredito que seja realmente uma raia viola. É uma espécie comum no nosso litoral e está em extinção. Ela é muito capturada para alimentação. Quanto ao perigo no mar, ela tem um ferrão pequeno e dificilmente pode ferir alguém", explica Thiago Nascimento. Este peixe, conhecido também por guitarra e raia-viola (seu formato lembra esses instrumentos musicais). É tão manso que normalmente deixa-se tocar por mergulhadores, especialmente à noite, período em que está mais ativo. Durante o dia costuma ficar “enterrado” enquanto descansa. Hoje esta espécie está ameaçada de extinção, sobretudo por ser capturada acidentalmente (ou não) pelas redes de arrasto de camarão. Tanto que a sua pesca é proibida.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Trairá (Lobó)






Traíra ou lobó é o nome dado ao gênero de peixes carnívoros de água doce da família Erythrinidae. A traíra pertence a um grupo de peixes desprovidos de nadadeira adiposa. É um dos peixes mais populares do Brasil, presente em quase todos os açudes, lagos, lagoas e rios. Nas regiões que oferecem boa alimentação, é comum que atinjam 69 centímetros de comprimento, e alguns exemplares excedem 2 quilogramas de peso. Sua pesca é feita de anzol, com isca de peixe ou carne; as traíras de mais de 1,3 quilograma só costumam atacar iscas em movimento, como as artificiais. Deve-se ter cuidado ao manipulá-la, pois costumam dar mordidas muito dolorosas e que sangram abundantemente. É indesejável em piscicultura, pois alimenta-se vorazmente de alevinos e peixes jovens de outras espécies. Tem marcada predileção por sombras e escuridão. É um peixe territorialista e canibal; protege suas crias até que se espalhem em meio a vegetação marginal. Devido às características carnívoras e à sua predileção pelas sombras e escuridão, o vocábulo "traíra" também é utilizado como gíria no Brasil para identificar o indivíduo traidor, que age nas sombras, sorrateiramente delatando ou prejudicando seus colegas. É um peixe voraz, briguento, completamente territorial e muito esportivo. Possui dentes afiadíssimos e todo o cuidado é pouco no seu manuseio, pois além de tudo ela é extremamente lisa e escorregadia. A traíra está ativa quando a água está quente, com temperatura acima de 18° C. Ela habita locais de água parada e com vegetação aquática abundante. Pedaços de madeira, troncos caídos, latas, são um ótimo esconderijo para as traíras. Nos meses frios se enterram no fundo para suportarem a baixa temperatura da água. A pesca com iscas artificiais é uma ótima opção para quem deseja capturá-las. Quanto às iscas naturais, pequenos peixes, rãs e minhocas são parte de seu cardápio predileto. Tanto na pesca com iscas artificiais, ou então com as tradicionais varas de bambu, um líder grosso ou um empate de aço são recomendados, pois seus dentes são muito afiados. Se você estiver pescando com anzol simples, este deve preferencialmente ser de perna comprida, pois é uma segurança a mais. As traíras podem atingir aproximadamente 60 centímetros de comprimento e 4 quilogramas de peso. Não se deve confundir a traíra com o trairão (Hoplias lacerdae) da Amazônia, que pode chegar a um comprimento de 1 metro e atingir um peso de até 18 quilogramas.

Jacundá (Joaninha)






Jacundá é a designação comum a vários peixes do gênero Crenicichla, perciformes, da família dos ciclídeos. Possuem o corpo alongado, nadadeira dorsal contínua ocupando quase todo o dorso e, geralmente, um ocelo típico na cauda. Também são conhecidos por nhacundá e guenza. O grupo integra 113 espécies, nativas dos rios e ribeiros da América do Sul. O jacundá habita rios de água fria e corrente, sendo um peixe frágil, muito suscetível à poluição. No sul do Brasil, é conhecido também como joaninha, peixe-sabão, boca-de-velha e badejo (pelo seu aspecto parecido com o do badejo de água salgada). Pode alcançar 40 centímetros de comprimento e pesar quase um quilo.

Peixe-palmito



Peixe-palmito (Ageneiosus valenciennesi) é um peixe comum a todo o Brasil, onde também recebe os nomes de Mandobi ou Palmito-de-ferrão. Pertencendo à ordem dos peixes-gato, destes difere por não possuir os barbilhões muito grandes, são curtos e franjados, e ainda por ter a nadadeira dorsal próximo à cabeça, em formato de aguilhão. Como os peixes dessa ordem, não possuem escamas, é animal de hábitos noturnos e vive na água doce, sendo bastante pescado no Pantanal Mato-Grossense.