segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Os peixes que ficam 'bêbados' para sobreviver ao inverno


Para a maioria dos animais - inclusive os seres humanos -, a falta de oxigênio é fatal em questão de minutos. Embora possamos metabolizar carboidratos sem oxigênio, esse processo produz o ácido lático, que se acumula rapidamente no corpo. Já o peixinho dourado - um dos peixes de aquário mais comuns - e a carpa são capazes de sobreviver por até cinco meses sem oxigênio em lagoas e lagos gelados do norte da Europa. E agora, os pesquisadores descobriram como eles conseguem. Na maioria dos animais, há um tipo de proteína que leva os carboidratos para a mitocôndria, que gera energia para as células. Na ausência de oxigênio, o consumo de carboidratos gera ácido lático, do qual os peixes não conseguem se livrar e que pode matá-los rapidamente. Mas, segundo uma equipe de cientistas europeus, carpas e peixinhos dourados têm um segundo conjunto de enzimas que, no momento em que os níveis de oxigênio caem, transformam os carboidratos em álcool, que pode ser liberado facilmente por meio de suas brânquias, os órgãos de respiração dos peixes. "Essa segunda via só é ativada na falta de oxigênio", explica à BBC Michael Berenbrink, cientista da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, e membro da equipe de pesquisa. "A camada de gelo (na superfície dos lagos) os separa do ar. Por isso, quando o lago está coberto de gelo, o peixe consome todo o oxigênio e depois passa a produzir álcool." Quanto mais tempo estes peixes ficam sob o gelo e sem ar, maiores são os níveis de álcool em seu corpo. "Se você mede esses níveis quando eles estão no lago, o álcool no sangue dos peixes supera 50 mg por 100 mililitros, acima do nível que é permitido para dirigir na Escócia e em outros países do norte da Europa", afirma Berenbrink. "Assim, podemos dizer que eles estão realmente sob efeito de álcool", diz. Mas, e os peixes estejam repletos de álcoool, não é isso que provoca sua morte. Se o inverno for muito prolongado, eles consomem toda a energia que têm acumulada no fígado e morrem. Segundo os pesquisadores, é possível tirar algumas lições importantes da adaptação evolutiva que produz esse conjunto duplicado de genes, que permitiu a estas duas espécies manter o funcionamento original do organismo, mas também ter um "plano B" para conseguir energia. "A produção de etanol (álcool) permite que a carpa, por exemplo, a seja a única espécie que sobrevive e explora ambientes hostis. Isso evita também a competição e a ameaça de outras espécies de peixes que normalmente interagem com ela em águas com melhor oxigenação", diz Cathrine Elisabeth Fagemes, da Universidade de Oslo, na Noruega, principal autora do estudo. "Por isso, não é estranho que o primo da carpa, o peixinho dourado, seja um dos animais de estimação mais resilientes que os humanos podem ter." Os cientistas calcularam ainda - embora apenas por diversão - quanto tempo seria necessário para produzir uma bebida alcoólica a partir das secreções de um desse peixes. "Se você colocá-lo em um copo de cerveja e tapá-lo, levaria 200 dias para atingir um nível de álcool de 4%", conta Berenbrink.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Filhote de baleia que ficou encalhado por quase um dia é devolvido ao mar no RJ



O filhote da baleia-jubarte, que estava encalhado desde quarta-feira (23/08), retornou ao mar na tarde desta quinta-feira (24/08) na Praia da Rasa, em Armação dos Búzios, na Região dos Lagos do Rio. Segundo a Defesa Civil, o animal foi devolvido ao mar por volta das 16h com a mobilização de um grupo de pessoas que ajudou na retirada do mamífero da areia. Três retroescavadeiras foram utilizadas durante a ação. Equipes do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Corpo de Bombeiros, da Secretaria de Meio Ambiente e da Defesa Civil colaboraram no resgate. Segundo a Defesa Civil, cerca de 300 pessoas estavam no local acompanhando a retirada. Durante toda a manhã, duas retroescavadeiras atuaram no salvamento. Dezenas de pessoas também utilizaram pás e enxadas para afastar a areia, além de baldes para hidratar o animal. O filhote encalhou na tarde desta quarta-feira (23/08) e, segundo especialistas que estão no local, pode ter se perdido do grupo quando fazia a travessia, passando pelo litoral do Rio com destino a Antártida. A migração acontece nesta época. O filhote apresentava dificuldades para respirar, segundo a avaliação de especialistas que estiveram no local, como o biólogo Marcelo Tardelli Rodrigues. "O animal não está com nenhuma cicatriz, nenhuma marca que indique colisão com navio ou embarcações. Pode ser um animal que estava viajando com a mãe e se perdeu durante a forte ressaca das últimas duas semanas", afirmou o biólogo.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Pescador fisga peixe anormalmente grande de 16kg em lago de Nova York


O pescador Jason Bair capturou um peixe da espécie Aplodinotus grunniens de mais de 16 kg no lago Oneida, no estado americano de Nova York. O Departamento de Conservação Ambiental de NY informou que o peixe, natural da região, está crescendo muito mais do que o costume, provavelmente porque estão comendo mexilhões de espécies invasoras. Eles usam os seus molares nas gargantas para quebrar as conchas dos mexilhões. Espécies invasoras são espécies que chegam a um habitat natural, geralmente pela ação humana, e acabam criando desequilíbrios no ecossistema local.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Baleias jubarte dão show para pesquisadores no mar do ES


Todos os anos, as baleias jubarte saem das águas geladas da Antártida, onde se alimentam, e nadam milhares de quilômetros em busca das águas quentes de Abrolhos, no Sul da Bahia, para se reproduzirem. O Espírito Santo está na rota dessas gigantes, por isso pesquisadores têm feito expedições no litoral capixaba para monitorar e estudar a passagem desses animais. A última expedição saiu da Praia de Camburi, em Vitória, no dia 8 de agosto, e não é preciso se afastar muito para avisar os primeiros sinais desses animais. O período que elas são vistas em águas capixabas costuma ser de julho a novembro, mas neste ano elas até se anteciparam um pouco, começando a aparecer ainda em junho. As baleias podem medir até 16 metros e pesar 40 toneladas. Essas gigantes são monitoradas pelo projeto Amigos da Jubarte, que ficam de olho em cada salto, cada movimento. "A gente faz o mapeamento das baleias. Vemos onde elas estão, qual o comportamento, a que distância estão da costa, tempo de avistamento e várias características biológicas delas, como a digital que tem na caudal dela. A gente identifica cada indivíduo, cada grupo e também o que eles estão fazendo aqui", explicou o oceanógrafo Paulo Rodrigues. As fotos são fundamentais na identificação das baleias. Os desenhos nas caudas são como digitais: cada animal tem marcas diferentes. Por isso as imagens vão para um banco de dados, para serem analisadas detalhadamente. Mas registrar a passagem desses animais não é uma tarefa fácil. "Você tem que tentar prestar atenção no comportamento da baleia, ver se os comportamentos se repetem. Por exemplo, você começa a tentar identificar quando vai ser o salto, quando ela vai botar a nadadeira pra fora da água. Começa a ficar mais fácil com a experiência", explicou o fotógrafo Leonardo Merçon. Um drone também é usado para captar imagens das baleias. Além das imagens, o som que os pesquisadores conseguem captar explica muito sobre o comportamento desses mamíferos em águas capixabas. "O macho que é quem 'canta', que faz o som. Ele se comunica tentando interagir coma as fêmeas. Cada população tem um som, um tipo de canto e para cada comportamento: se está atraindo uma fêmea, se está se comunicando, tentando achar um grupo", explicou o oceanógrafo.

Canadá ordena que barcos reduzam velocidade para proteger baleias



O Canadá ordenou nesta sexta-feira (11) que os barcos de grande porte, sejam eles navios de carga ou cruzeiros, devem reduzir a sua velocidade quando passarem pelo golfo de São Lourenço, situado no leste do país, visando a proteção das baleias. "Para impedir a morte das baleias", o governo decidiu impor de forma imediata "um limite temporário de 10 nós para a velocidade dos barcos de mais de 20 metros quando atravessarem o oeste do golfo de São Lourenço". Assim, os barcos deverão reduzir quase à metade a velocidade até então permitida. A orca é uma das espécies mais ameaçadas de cetáceos no mundo. Existem somente cerca de 500 exemplares atualmente nos oceanos. Uma dúzia de baleias apareceram mortas, foram rebocadas ou ficaram encalhadas desde o início da primavera no Hemisfério Norte, nesse golfo ou na costa noroeste dos Estados Unidos. A maioria delas ficou presa em redes de pesca, ou apresentava sinais de colisão com navios. Essa situação levou as autoridades a proibirem a pesca em várias zonas do golfo, em julho. "É dever de todos nós velar pela proteção de nossos recursos marítimos para as futuras gerações e fazer tudo que está ao nosso alcance para impedir a morte das baleias", ressaltou o ministro dos Transportes, Marc Garneau. As autoridades controlarão se a norma está sendo respeitada por meio de vigilância aérea e do uso de guardas-costas. Caso contrário, irão impor multas de até 25 mil dólares canadenses a quem descumpri-la. A redução da velocidade é "uma medida preventiva até que as baleias saiam das zonas de risco", disse o ministro. O ministro da Pesca, Dominic LeBlanc, estimou no início de agosto que existam cerca de "80 a 100" orcas no golfo de São Lourenço, "um número duas ou três vezes maior" que o registrado nos anos anteriores. Quando uma baleia aparece morta, o procedimento usual é rebocá-la para a terra para realizar autópsia, que definirá a causa da sua morte.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Cientistas descobrem duas novas espécies de sapinhos-da-montanha, os minúsculos anfíbios do sul do Brasil



Eles são diferentes da maioria dos sapos. A começar pelo tamanho: medem de 10 a 12 milímetros, menos do que a cabeça de um lápis. Não nadam e, se caírem na água, podem até se afogar. Quase não pulam. Cantam (coaxam) de dia. E nunca passam pela fase de girino. São os Brachycephalus, apelidados pelos cientistas de sapinhos-da-montanha, nativos da região montanhosa da Serra do Mar, no Paraná e em Santa Catarina, a cerca de 1.200 metros de altitude. Estão entre os menores anfíbios do mundo. Agora, duas novas espécies acabam de ser catalogadas por biólogos brasileiros: a Brachycephalus coloratus, de cor laranja, e a Brachycephalus curupira, que é marrom. Ambas vivem em áreas de Mata Atlântica na região metropolitana de Curitiba (PR). Diferem de outras espécies identificadas anteriormente pelas cores e formato do corpo. A descoberta foi publicada em julho no periódico científico PeerJ. "Não está totalmente esclarecido por que os sapinhos-da-montanha são tão pequenos. Eles passaram por um fenômeno evolutivo chamado de miniaturização. Acredita-se que, ao se adaptarem ao ambiente montanhoso, tiveram que diminuir de tamanho, para evitar ressecar e morrer", explica o pesquisador Luiz Fernando Ribeiro, integrante da equipe que fez a descoberta, da ONG Mater Natura Instituto de Estudos Ambientais. Apesar de serem úmidas, as áreas de montanhas onde os minissapos vivem não têm corpos de água, como rios, lagoas, poças. Cada espécie ocupa uma região pouco extensa, com poucos hectares - às vezes uma única montanha. O coloratus, por exemplo, foi localizado em uma floresta da cidade de Piraquara. Já o curupira, em São José dos Pinhais. "São regiões muito próximas da cidade. Apesar disso, ainda se consegue encontrar espécies novas. Isso mostra que a Mata Atlântica, apesar de ter diminuído muito, ainda abriga uma diversidade muito grande, desconhecida", diz Ribeiro. Para descobrir as duas novas espécies de minianfíbios, os cientistas subiram montanhas da Serra do Mar paranaense e ficaram atentos aos sons. Os sapinhos-da-montanha coacham de dia, ao contrário da maioria dos sapos, que têm hábitos noturnos. Só os machos cantam, para marcar território. A partir daí, é seguir o coachar. Mas, à medida que os pesquisadores se aproximam, os sapinhos-da-montanha se escondem entre as folhagens no chão e ficam em silêncio. "É trabalhoso localizá-los. Eles pulam pouco, mais caminham muito no meio da floresta, são andarilhos. Como são muito pequenos, é muito difícil vê-los. Para achar alguns, é na sorte mesmo", conta Ribeiro. Para facilitar as buscas, a equipe de cientistas usou gravador e microfone direcional para captar até os mínimos sons dos sapos. E depois, ficou tateando as folhagens. As novas espécies são resistentes ao frio. Os pesquisadores chegaram a registrar 4º C negativos na montanha onde vive a Brachycephalus coloratus. É outra diferença em relação à maioria dos sapos, que gosta de ambientes quentes. Muito pequenos, eles se alimentam de bichos menores ainda: invertebrados que vivem no chão, ácaros, formigas, aranhas. O nome sapinhos-das-montanhas é uma alusão aos gorilas-das-montanhas africanos. Começaram a ser encontrados a partir do ano 2000. Desde então, o número de espécies conhecidas está aumentando. Só em 2015, foram catalogadas pelo menos 8 delas. E mais descobertas ainda podem ocorrer.